Bem me quer, mal me quer do home office
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Bem me quer, mal me quer do home office

09 jun 2020
Redação Imobi
Redação Imobi
8 min
Bem me quer, mal me quer do home office

Dizer que a pandemia do coronavírus deu uma “amostra grátis” do que é ter uma equipe em home office é uma visão bem otimista. Olhando para o copo meio cheio, em todo o mundo, empresas foram obrigadas a aderir à modalidade remota e descobriram que sim, é possível trabalhar com a equipe longe dos headquarters. Uma pesquisa da Cushman & Wakefield com multinacionais que atuam no Brasil reforçou que o movimento veio para ficar: sete em cada dez empresários pretende instituir o home office como prática definitiva.

Já o copo meio vazio… Cerca de 30% afirmaram que irão diminuir seus espaços físicos no futuro por conta do sucesso do home office.

Uma pesquisa do LinkedIn com profissionais brasileiros trabalhando remotamente aponta que 62% estão mais ansiosos e estressados e 39% estão solitários. Justo lembrar que não é só a mudança do trabalho presencial para à distância que provoca o sentimento de estresse e solidão, mas soma-se a isso uma pandemia mundial e o isolamento social .

Para alguns especialistas, esse cenário não deve impactar os aluguéis comerciais a curto prazo, uma vez que os contratos costumam ter duração média de três anos. Porém, há casos que a multa contratual vale mais a pena do que continuar mantendo o contrato. Além disso, a preocupação do mercado é de que a partir do ano que vem comecem a pipocar a devolução de lajes corporativas por conta do impacto econômico da crise.

Enquanto algumas pessoas têm dificuldade de trabalhar em casa, mas ainda não têm um escritório para voltar, hotéis aproveitam o movimento, reformando seus quartos e oferecendo como opção. A Accor, dona do Ibis e Mercure, já começou a oferecer os “Room Offices”, modalidade que pode ser alugada por dia, semana ou mês. O Bourbon também aderiu aos quartos-escritórios em São Paulo.

Falando sobre dificuldades em trabalhar de casa: hoje você pode ler o texto de estreia da nossa nova colunista, Elisa Tawil. Elisa é idealizadora e co-fundadora do movimento Mulheres do Imobiliário e, neste mês, conta sobre os novos desafios do trabalho e empreendedorismo remoto, maternidade e casa. Sabe a Kali, deusa hindu? Pois então.

Com a possibilidade de um home office definitivo, a procura por imóveis no campo e no interior continua crescendo. Além da possibilidade de trabalhar à distância, as pessoas também estão procurando refúgios seguros para os finais de semana.

Para refletir sobre esta movimentação no cenário do imobiliário, fizemos uma curadoria entre colunas e entrevistas com profissionais de referência no setor: André Zukerman, CEO da Zukerman Leilões; Gustavo Favaron, CEO do GRI Group; Helmeson Machado, presidente do Secovi Sul/SC; Claudio Bernardes, ex-presidente do Secovi-SP; Gabriel Braga, presidente executivo do QuintoAndar e Kate Annis, VP de marketing da Lone Wolf Real Estate Technologies.

Sobre mudança de imóvel durante a quarentena: pode e não há nenhuma restrição legal, mas não é recomendado fazer durante a pandemia, segundo os parâmetros de isolamento social.

Um levantamento da plataforma AoCubo apontou que houve queda de 37% nas vendas de imóveis de até R$ 400 mil e queda de 58% nas vendas de imóveis acima de R$ 400 mil em todo o país.

A procura por financiamentos para compra e construção de imóveis em abril cresceu 22,6%, comparado ao mesmo mês em 2019, segundo a Abecip. Já comparada a março, a procura sofreu uma queda de 0,4% – variação leve se levarmos em consideração que abril foi o primeiro mês completo na pandemia da Covid-19.

A Caixa recebeu cerca de 2,3 milhões de pedidos para adiar as prestações de financiamento imobiliário – número que totaliza quase metade dos contratos da modalidade.

Ainda sobre crédito imobiliário, mesmo com a menor taxa Selic da história, quase 600 mil pessoas ainda pagam juros de mais de 10% ao ano em financiamento imobiliário. A recomendação de especialistas é que clientes procurem a portabilidade do crédito para conseguir juros mais vantajosos. 

Centenas de imóveis vão a leilão no fim deste mês de junho, durante a Super Venda de Imóveis Santander. Todos eles estarão com preços abaixo do avaliado, chegando a até 70% de desconto, e poderão ser adquiridos à vista ou com financiamento em até 420 meses.


Incorporadoras

A construção civil começa a apresentar uma estabilização novamente, após recorde de baixa em abril. Pelo menos é o que aponta o Índice de Confiança da Construção (ICST), da FGV. Em maio, o indicador subiu 3 pontos e chegou a 68. Ainda é um resultado ruim, considerando que o índice era de 94,2 pontos em janeiro, mas o resultado de maio indica que houve uma “despiora” na confiança do setor, como nota Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV/Ibre. Ainda assim, os impactos negativos sobre o setor continuam atingindo os negócios em andamento – a pesquisa também aponta que 51% das empresas indicaram diminuição da atividade.

“A pressão econômica sobre nossas empresas está muito grande”, diz Érico Furtado Filho, presidente do Sinduscon-PE. Em um dos Estados mais afetados pela Covid-19, a entidade afirma que o diálogo com o governo estadual está acontecendo de forma tranquila, mas ainda há muitas questões que não estão claras em relação à retomada das atividades do setor. 

O Minha Casa Minha Vida continua sendo referência quando se fala em índice de vendas na pandemia. Como já mostramos antes, as vendas de imóveis do programa tiveram queda muito menor do que as de empreendimentos de médio e alto padrão. O assunto continua em pauta na imprensa, que agora mostra que o fluxo de propostas para compra de casas ou apartamentos do MCMV segue de forma contínua

Merece nota a situação da Tenda. Mesmo com todos os plantões e lojas físicas fechadas, a construtora teve seu melhor mês de vendas em abril, em plena pandemia. A entrevista completa com o CEO Rodrigo Osmo está disponível no link.


Techs

Quer saber o que está rolando no mercado imobiliário durante a pandemia? Fizemos uma lista com as lives que acontecem neste mês de junho e valem a pena assistir! Lembrou de mais alguma? Basta responder este e-mail para indicar!

Com o objetivo de expandir seus negócios para além do eixo Rio-SP, algumas empresas estão apostando na digitalização dos processos imobiliários. Este é o caso da startup paulistana Klikey, que aproveitou o momento de pandemia para colocar no ar um “feirão online” com o portfólio de 80 imobiliárias de 12 estados.

Uma nova plataforma digital promete concorrência forte para corretores e imobiliárias, facilitando a compra de imóveis direto de construtoras, com preços mais baratos. Trata-se da Nethomes, uma ferramenta criada pela startup de mesmo nome, de Porto Alegre, que promete eliminar 70% do valor da comissão dos corretores. 

As especulações em relação ao futuro do Airbnb continuam. Após demitir 25% de seus funcionários, como já mostramos anteriormente, é possível que a empresa sinta ainda mais os impactos da crise do novo coronavírus no futuro. Especialistas acreditam que os turistas vão voltar a preferir hotéis quando puderem viajar novamente, por acreditarem que esses estabelecimentos terão mais condições de garantir a higiene e os protocolos de distanciamento social necessários a partir de agora. 

Quais startups serão os próximos unicórnios na economia mundial? Junto com a TrueBridge Capital Partners, a Forbes fez um levantamento de quais são as 25 empresas que têm mais chances de atingir a avaliação de US$ 1 bilhão. Vale a pena ficar de olho nelas. (em inglês)


Mundo

A questão do aluguel é discutida no mundo inteiro e não poupa nem mesmo as grandes corporações, que também estão recorrendo às negociações. Este é o caso da Gap, que está em contato com proprietários de lojas e pagando “o que consideram um aluguel justo”, conforme palavras de Sonia Syngal, diretora-presidente da grife de roupas. 

Há motivos para otimismo em relação ao futuro do mercado imobiliário americano, apesar da crise. Especialistas já vêem alguns indícios de que o setor vai se recuperar facilmente, como a manutenção da estabilidade no preço de imóveis comerciais nos Estados Unidos, tanto para compra quanto para aluguel, e o aumento nas reservas de longo prazo em propriedades rurais e à beira-mar para o verão na região de Nova York, entre outros.


Estamos de Olho

Não é só a contaminação pelo novo coronavírus que preocupa neste momento de pandemia. Ao redor do mundo, vem sendo observado um aumento no número de mortes causadas por outras doenças. Pacientes de vários países têm relatado dificuldades e até negativas para tratamentos de câncer, diálise renal e cirurgias de transplante urgentes, além de interrupção de outros programas, como tratamentos para HIV, tuberculose e malária. Estas situações atingem especialmente comunidades mais pobres e as crianças, que também estão sendo colocadas em risco: a OMS calculou que pelo menos 80 milhões de crianças com menos de um ano estão agora sob risco de difteria, poliomielite e sarampo, depois que a pandemia interrompeu a continuidade de programas de vacinação em pelo menos 68 países. 

Como o mercado imobiliário pode ajudar a acabar com o racismo? A resposta a esta pergunta está em uma reportagem da revista Chicago Agent, especializada no setor, que conta a história de Alisa MacLaughlin, uma corretora de imóveis que enfrentou o medo do racismo, ajudando seus vizinhos após saques que devastaram o bairro South Shore. (em inglês) 

“Tem muito jovem por aí que quer crescer no mercado de trabalho, mas acaba se retraindo com medo do racismo. Por isso que eu sempre me coloco à disposição para conversar com essas pessoas que estão começando, contar minha história, pois sei que ela pode servir de inspiração para muita gente, principalmente jovens negros”. O depoimento é  de José de Souza Izidoro, proprietário da JSI Imóveis, que contou sua trajetória, em entrevista ao Imobi.

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