De lançamentos a feirões, incorporadoras vão fundo no digital
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Ao completar o primeiro mês de isolamento social, o mercado imobiliário tem mais clareza do impacto provocado pelas medidas de prevenção à Covid-19. Se nas primeiras semanas boa parte das notícias relacionadas ao setor tratavam da inadimplência do aluguel, agora os números de vendas, lançamentos e a estratégia das construtoras ganham mais espaço na imprensa.
Imóveis entram na era digital. Este é o título de uma reportagem da Istoé Dinheiro, que mostra como as construtoras têm se adaptado ao isolamento social. A GaúchaZH também publicou matéria neste sentido, destacando justamente os lançamento virtuais e também as lives, como ações das construtoras para manutenção dos negócios.
Em entrevista ao Estadão, Orlando Pereira, diretor de vendas da Cyrela, conta que a incorporadora realizou sua primeira venda 100% digital neste mês. A plataforma utilizada para o fechamento do negócio existe desde o ano passado, mas até então os compradores, em algum momento, frequentavam os plantões de venda. Na mesma reportagem, a Trisul conta que adotou ferramentas como tour virtual, videochamadas e assinatura digital. Apesar disso, as vendas caíram pela metade na primeira semana de abril, comparadas ao mês de março, quando os plantões ainda não estavam fechados.
Já a Tenda promoveu seu primeiro feirão digital nacional de imóveis. A construtora já tinha testado o formato em uma edição em São Paulo, mas o isolamento social acelerou os planos da edição nacional. Em entrevista para o Imobi, Luis Martini, diretor executivo de Marketing e Tecnologia da Tenda, conta que mais de 1.000 análises de crédito foram aprovadas desde o lançamento do feirão, em plena quarentena.
Tenda que viu o VGV de seus lançamentos no primeiro trimestre diminuir 57%, ante o mesmo período de 2019. A MRV também observou queda no VGV dos lançamentos de 55,4%l. E analistas já esperam resultados ruins nos próximos trimestres, com impacto maior no curto e médio prazo.
A Vitacon vinha aprimorando sua venda digital há 3 anos. E neste mês, colocou a operação à prova com o primeiro lançamento de empreendimento online. Alexandre Frankel, CEO da incorporadora, contou que já foram vendidas mais de 200 unidades. Ele também comentou como vê o mercado pós-Covid, em entrevista exclusiva ao Imobi.
Outra série de reportagens reflete sobre o futuro do imobiliário. O Estadão, destacou dados da pesquisa recente do Grupo ZAP e também dos Secovis. Já O Globo destaca o papel do imobiliário como motor de recuperação da economia, mas chama a atenção para um temor externado pelo presidente da CBIC, de que ocorra um “arrocho no crédito” quando a economia retomar sua atividade.
No Seu Dinheiro, análise sobre o impacto nos Fundos de Investimento Imobiliários. O conteúdo traz uma entrevista com André Freitas, diretor de gestão da Hedge Investments, especializada em fundos imobiliários e responsável por seis FIIs de shoppings, segmento bastante afetado pelo isolamento social. André é otimista: “A gente acredita que isso vai passar e que esses imóveis voltarão a ter capacidade de gerar renda, voltando também a se valorizar. A queda nos preços é momentânea. Havendo estabilização e retorno progressivo à normalidade, os equipamentos logísticos, corporativos e os shoppings voltam a gerar renda e as cotas dos fundos se recuperam”.
Imobiliárias
A Luggo, startup de aluguel da MRV, anunciou seu novo empreendimento em Curitiba, com visita online, assinatura e aprovação de crédito digitais. É o quarto empreendimento no Brasil – há um segundo em Curitiba, um em Minas Gerais e um em São Paulo.
Para aquecer o mercado, bancos lançam propostas para facilitar a compra de imóveis. Santander e Itaú vão disponibilizar imóveis de suas carteiras, com opção de quitação à vista e financiamento de até 80%. Já o Banco do Brasil lançou, em parceria com a Resale, uma plataforma online de venda de imóveis retomados. No lançamento, são mais de 1.600 imóveis do banco disponíveis.
Santa Catarina foi o primeiro estado brasileiro a impor o fechamento do comércio não essencial por conta da Covid-19. A medida afetou, e segue afetando, as imobiliárias locais, que estão com suas unidades fechadas. No Imobi, trazemos o ponto de vista da Brognoli, uma das principais imobiliárias do estado e referência em transformação digital. Eduardo Barbosa, CEO da empresa, trata sobre o processo de digitalização e os investimentos em tecnologia da Brognoli.
Um movimento de mercado interessante, reflexo da quarentena: o aumento na procura por imóveis de campo. No Globo, uma reportagem mostra exemplo de imobiliária que chegou a observar crescimento nos negócios na ordem de 40%. O mesmo acontece nos EUA. O CEO da Redfin chegou a afirmar tratar-se de uma “mudança psicológica profunda” entre os consumidores que procuram casas.
Techs
As empresas com serviços que apoiam a transformação digital estão indo muito bem, obrigado. A DocuSign, empresa de contratos eletrônicos, atingiu uma alta histórica nas suas ações. E o CEO afirma: “O setor imobiliário é um [case] interessante porque, embora muitas pessoas estejam preocupadas de haver uma desaceleração, ainda não vimos isso na DocuSign”.
Já a RuaDois, que apoia a transição de processo off-line para online em imobiliárias brasileiras, passou a oferecer tours virtuais por vídeochamadas. Outra novidade é o serviço de transferência automática de ligações. No modelo “siga-me”, as imobiliárias parceiras podem manter o número fixo e a equipe receber as ligações no home office.
No universo das startups, rearranjos são feitos. Enquanto a Airbnb luta para não encolher, o QuintoAndar demitiu 8% de sua equipe. O Estadão fez um apanhado de como o coronavírus está afetando o Vale do Silício.
Mundo
E a luz no fim do funil de vendas começa a aparecer na China. O número de imóveis vendidos nas 30 principais cidades chinesas atingiu o ponto mais alto, desde janeiro, no último dia de março. O dia 31 de março superou, inclusive, a média de transações diárias de dezembro de 2019. A recuperação é pauta em outros setores: a Hermès, marca de luxo, reabriu suas portas no dia 11, sábado, e vendeu 2,7 milhões de dólares em um único dia, em uma única loja em Guangzhou.
Nos Emirados Árabes, o Centro Financeiro Internacional de Dubai (DIFC) irá isentar seus inquilinos comerciais por três meses. A medida inclui escritórios, bancos, lojas, galerias restaurantes e cafés, além de apartamentos e hotéis. A iniciativa vem apoiada em um pacote de estímulos do governo de Dubai, que oferece flexibilização fiscal como contrapartida.
O Idealista traz uma pesquisa que avalia os efeitos da crise do coronavírus no imobiliário português e espanhol. Fala-se muito sobre a queda nos preços dos imóveis, mas na leitura de que o imobiliário deve se consolidar para investidores. Há a expectativa de que imóveis destinados para aluguel de curta duração, com foco no turismo, voltem a ser negociados com contratos mais longos. O estudo também sugere que veremos efeitos a longo prazo na arquitetura e planejamento urbanístico, com a ascensão das varandas e de ambientes de convivência nos bairros.
Também em Portugal, uma imobiliária está imprimindo “face shields” – aquelas máscaras de plástico que os profissionais da saúde usem para completar a segurança. A imobiliária Própria está usando suas impressoras 3D, que costumam imprimir maquetes, para imprimir as máscaras que são doadas para entidades em Lisboa.
Estamos de olho
Aqui no Brasil, uma construtora paranaense contratou familiares de colaboradores com habilidades manuais para produzir máscaras faciais. Além de usar as máscaras com os próprios colaboradores, a construtora oferece nova opção de renda para as famílias.
De portas fechadas, negócios procuram novas soluções para se manterem abertos. Entre as academias, uma das soluções encontradas foi o aluguel de bikes e equipamentos. É uma solução para as pessoas fazerem exercícios, enquanto as academias conseguem manter um caixa.
Em Nova York, os moradores estão recorrendo às bicicletas. Tanto que as lojas e “mecânicas” continuam abertas, tendo sido reconhecidas como serviços essenciais para a cidade. Além de esporte, é transporte para aqueles que precisam fugir dos ônibus ou metrôs e inclusive ganha-pão, para os que trabalham com delivery.
A empresa japonesa Kasoku, similar à Airbnb, está oferecendo aluguéis de curta duração para evitar “corona-divórcios”. Além de oferecer o aluguel de imóveis, a campanha inclui 30 minutos de consulta com um advogado especializado em divórcios.
Não é só entre os cônjuges que a treta está rolando. Condomínios têm sido palco para uma série de conflitos, especialmente relacionados aos ruídos e barulhos. Para as administradoras, é preciso pedir que os condôminos tenham calma e compreensão. Barulhos de criança, TV e até música para animar os dias serão comuns durante o isolamento social.
Para fechar a edição, uma sugestão de leitura: “Como o coronavírus vai mudar nossas vidas: dez tendências para o mundo pós-pandemia”, no El País. Destaque para as mudanças nos hábitos de consumo e a reconfiguração de modelos de
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