Sol Pires, mulher índia, nordestina, corretora de imóveis e muito guerreira
Resumo
Conheça a história de Sol Pires, mulher índia, nordestina, corretora de imóveis e muito guerreira que conta um pouco de sua história no Imobi.
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Para celebrar o Dia do Corretor de Imóveis, o Imobi Report convidou 5 corretores de imóveis para contarem suas histórias. Confira a primeira personagem da série: Sol Pires, que atua no mercado imobiliário de alto padrão de Recife.
Às vezes, na vida, nós nos deparamos com algumas sincronicidades. São aqueles momentos que você pensa: “que coincidência!” e ao mesmo tempo pensa: “mas será que é uma coincidência mesmo?!”. Sol Pires aderiu ao nome Sol quando começou a trabalhar, mas se chama Assoraeny, que significa “Sol ao Entardecer” na língua yanomam, da Tribo dos Yanomamis.
Não sei se seus pais sabiam que Sol ia ter uma personalidade que brilha assim – mas, se foi para isso, deu certo. Sol é “uma mulher índia, nordestina, muito simples, com muitos sonhos e muito guerreira”, na sua própria definição. Sol também é corretora de imóveis no Recife e foi com seu brilho, carisma e preocupação em se colocar no lugar do próximo que formou sua carteira de clientes, a fazendo bater recorde atrás de recorde de venda de lançamentos na cidade.
Sua carreira profissional se inicia com 14 anos, trabalhando com a família. Já aos 17 anos começa na Rede Sheraton Hotéis, em Recife. É seu primeiro contato com atendimento ao público. Anos mais tarde, se forma em turismo e decide fazer um intercâmbio na Espanha. Da Espanha, foi para o Canadá. No Canadá, fez uma pós em gestão de negócios e, para pagá-la, trabalhava em uma cafeteria local. “Sempre gostei muito de atender, gostava de ouvir e conversar, trocar experiência. E sempre tive espírito de liderança – na cafeteria, com menos de 3 meses me promoveram a supervisora”, conta.
Já no Canadá, conheceu algumas pessoas que atuavam no mercado imobiliário, mas ainda não tinha trabalhado na área. Foi em 2010 que Sol voltou para o Brasil para organizar seus documentos para aplicar o pedido de visto no Canadá. A ideia era ficar só um ano por aqui, mas não foi o que aconteceu. “Nesse ano que eu voltei para o Brasil, decidi procurar um emprego e botei currículo em vários lugares. Quem me chamou? O mercado imobiliário. Comecei a trabalhar com prospecção de terreno na Gafisa”.
Da Gafisa, Sol foi para a Lopes. Da Lopes, para sua própria empresa. A Sol Imóveis Solutions nasceu em 2018 e, nestes primeiros anos, a atuação de Sol na empresa era como administradora. Foi no desafiador ano de 2020 que Sol voltou a atuar como corretora de imóveis e lembrou do gostinho que tem por trabalhar diretamente com o público.
Mudança nos clientes: do networking, para a inovação até a empatia
“No meio da pandemia, minha mãe teve três infartos. Eu me recolhi, fiquei fora do Instagram, dei um tempo e me dediquei à família. Mas, enquanto isso, o mercado de alto padrão foi aquecendo e eu já tinha uma carteira de clientes bem formada. Foi um momento bem importante para lembrar que eu tinha que cuidar dos meus clientes. Até 2019, eu estava sendo a Sol dona de imobiliária: cuidava de pagamentos, aluguel, treinava corretor, focava na parte administrativa. Em 2020, os clientes da minha carteira começaram a me procurar, querendo se mudar, buscando imóveis. Foi quando me reapaixonei pelo primeiro contato com o cliente”, conta.
Esse olhar para o cliente como humano é um dos grandes diferenciais do trabalho de Sol. “É essencial que o corretor se coloque no lugar do cliente: é o dinheiro de uma vida toda. Eu nunca pensei na comissão, mas sim sobre o meu propósito de ajudar o cliente a encontrar seu lar”, compartilha.
E se teve uma coisa que a pandemia trouxe, foi a carência do contato pessoal. “É sintomático que as doenças do futuro sejam ansiedade e depressão. Quando eu entrei no mercado de trabalho, a palavra do momento era networking. Quando eu voltei para o Brasil, ali em 2010, era inovação. Mas agora, é empatia”.
Para Sol, olhar o elemento humano é importante, também, na relação com o corretor. “Como já trabalhei em construtora, sei que às vezes a gente acha que sabe de tudo, que fez o projeto perfeito, contratou os melhores arquitetos, até fez premiação… Mas por que o corretor não vende? Talvez seja porque esse corretor não entendeu a visão da construtora, não comprou a ideia daquele produto e não entendeu o seu cliente final”, afirma. “O corretor também é cliente. Hoje, eu só vendo o que eu realmente compraria”.
Mercado imobiliário quente até 2024
Ser guerreira é uma das autodefinições de Sol. Quando pergunto qual foi seu maior desafio na sua carreira, a resposta é rápida: “insistir em uma profissão por quase sete anos em um setor em crise”.
Há outros desafios. “Sofri muito preconceito por ser mulher. Quando gerenciava equipes, outros profissionais faziam meus treinamentos, usavam meus conhecimentos, mas ninguém queria ser da minha equipe. Então também foi um grande desafio permanecer: fui muito desencorajada. Mas eu continuava trabalhando e dizia que, quando a economia voltasse eu ia estourar, porque eu ia atender tão bem aquele cliente, que ele ia buscar por mim”. Foi o que aconteceu em 2020.
A perspectiva profissional de Sol continua positiva. “Como o mercado imobiliário é cíclico, acho que o mercado vai estar muito aquecido até 2024 e aí vai entrar em estabilidade novamente. Por isso, nos próximos dois anos eu não pretendo viajar, tirar longas férias, não. Pretendo me dedicar ao momento atual do mercado”, analisa.
A Assoraeny na Sol e as conexões significativas
Em poucos momentos com Sol, você já percebe a importância que é, para ela, ser fiel a si mesma e aos seus objetivos. É impossível separar a Assoraeny da Sol. “A minha identidade e minha ancestralidade me dão intuição e pé no chão. Quando eu vou até minha tribo, vejo as pessoas vivendo com bolsa família. E ao mesmo tempo, tenho clientes que me procuram querendo imóveis de 5, 7 milhões de reais… É quando eu vou para a minha tribo que eu me reconecto com a realidade. É o meu equilíbrio, meu encontro com Deus, com a verdadeira essência da vida – que não é a do ter, é a do ser”, conta. “Às vezes o corretor se deslumbra, quer ser igual o cliente, porque diz que quer gerar conexão. Mas acho que tem muitas maneiras de se criar conexão, não é só pelo dinheiro. Ouvir o outro, respeitar o limite, ter empatia, por exemplo. Minha ancestralidade me ajuda a ser uma pessoa melhor”.
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